domingo, 10 de maio de 2015

O CÂNDIDO (VOLTAIRE)

Em tempos em que discutimos tão acirradamente a questão ética nas relações, cabe-nos lembrar  de Cândido, personagem do iluminista Voltaire, cujo mestre, Pangloss, desprezava as condições às quais o aprendiz era submetido e o fazia crer que vivia no melhor dos mundo.

Vamos relembrar?

Cândido é um homem jovem e bonito, cujo mentor,  Pangloss, persiste em acreditar neste melhor de todos os mundos possíveis, mesmo depois de serem chicoteados, escravizados, espancados, torturados, e no caso do doutor Pangloss, aparentemente executado. Candido passa boa parte do romance tentando recuperar sua amada Cunegundes , que também é repetidamente escravizada,  durante o curso da história. Eles viajam por todo o mundo, para o Peru e voltam, e encontram o mesmo tratamento brutal praticamente em todos os lugares que eles vão.


Aos poucos, os percalços da vida fazem Cândido abandonar o otimismo doentio. Decepciona-se por ser maltratado pela vida apesar de seguir as normas prescritas pelos filósofos iluministas e de comportar-se como um otimista inveterado. No final de suas aventuras, devolvido à natureza e tendo que trabalhar para viver, ele conclui que “o trabalho afasta três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade.” Descobre a inutilidade da filosofia e abraça a felicidade de levar uma vida simples.

E, apesar de filosofias, da origem do bem ou causa do mal, como afirma Cândido ao fim, “temos de cultivar nosso jardim”.