CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISLEXIA
Warlen Fernandes
PRIMEIRAS PALAVRAS:
Ao falarmos sobre o processo de alfabetização, torna-se pertinente realçarmos uma questão que vem necessariamente associada a um sistema de escrita de base alfabética: a questão da convencionalidade imposta ao uso alfabético dos símbolos. Embora a questão seja ampla, entendemos que ao apreender a base alfabética, a criança manifesta a tendência a representar (em muitos momentos) a própria oralidade. Assim, a criança constrói sua hipótese de escrita de determinadas palavras. A escrita existe para representação das palavras da língua. Assim, a compreensão da escrita como representação permite a leitura.
Mas nem sempre esta passagem é tranquila para a criança. Estima-se que, no Brasil, cerca de mais 15 milhões de pessoas têm algum tipo de 'necessidade especial'. E em muitos momentos o educador das séries iniciais depara-se com meros distúrbios da aprendizagem ou muitas vezes com diagnósticos precoces e equivocados que merecem melhor apuração dos agentes educacionais envolvidos.
Comumente, a ansiedade dos pais ou da própria escola desconsidera que cada criança possui um ritmo próprio de aprendizagem. Não será nosso foco aqui relatar as necessidades especiais: mental, auditiva, visual, físico, conduta ou deficiências múltiplas. Mas lembramos que cerca de noventa por cento das crianças da Educação Básica passam por algum tipo de dificuldade de aprendizagem vinculada à linguagem. A dislexia será a de maior incidência.
CONCEITUANDO:
Mas o que é a dislexia? Dislexia é a incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o que lê, apesar de visão, audição, inteligência normais. E sem que passe privação de ordem doméstica, cultural ou nível social. Há disléxicos em todas as camadas sociais.
A dislexia é caracterizada pela dificuldade na aprendizagem e não pode ser confundida com "falta de vontade ou interesse" para aprender. Afeta a leitura e a escrita e geralmente é detectada no início do processo de alfabetização. Não deve ser confundida com patologia. Como afirmamos, trata-se de um distúrbio e não de uma doença.
Uma criança não é disléxica porque teve seu desenvolvimento comprometido em decorrência de fatores como gestação inadequada, alimentação imprópria ou nascimento prematuro. A criança dislexia pode ser um portador de alta habilidade. E focar na música, na dança, no teatro ou no trato com os números.
A dislexia é forte aliada da evasão escolar. A isto devemos uma crítica mais profunda acerca de nossa legislação educacional (Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Resoluções, e tantas outras) não trata as diversas necessidades especiais dos educandos de forma clara, coesa e objetiva.
A Constituição Federal em seu artigo 208, III. CF relata que " O dever do estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializada aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
A nossa LDB ( 9394/96) faz referência às necessidades especiais: "O dever do estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino" (Art. 4º).
CARACTERIZA-SE SEGUNDO A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA PELOS SEGUINTES FATORES:
- Dificuldade com a linguagem escrita;
- Dificuldade em escrever;
- Dificuldade em lidar com as normas ortográficas;
- Lentidão na aprendizagem da leitura.
A pessoa com Dislexia apresenta:
- Dificuldade no reconhecimento de letras e sílabas;
- Disgrafia
- Discalculia
- Confusão de direção / lateralidade
- Soletração defeituosa
- Baixa autoestima.
A criança com dislexia pode também apresentar conduta típica, com síndrome e quadro de ordem psicológica, neurológica e linguística, de modo que sua síndrome compromete a aprendizagem eficaz e eficiente de leitura e escrita, mas não chega a comprometer seus ideais, ideias, talentos e sonhos. Por isso, diagnosticar, avaliar e tratar a dislexia, conhecer seu tipo, sua natureza, é um dever do Estado e da Sociedade e um direito de todas as famílias com crianças disléxicas em idade escolar.
Com base em nossa experiência e em estudos pertinentes ao tema, o que importa é conhecer os nossos educandos. Reconhecer suas necessidades, incentivar, ouvir a família. Falar em INCLUSÃO é falar de parcerias. É falar também em assistir as famílias.
Isso não significa submeter a criança e sua família a múltiplos e cansativos atendimentos. Mas é indispensável que ocorra a acolhimento da criança e de suas dificuldades.
Finalmente, é preciso salientar que o domínio do código gráfico não assegura de imediato o domínio dos usos da escrita. Comumente confunde-se o estar alfabetizado com a capacidade para entrar no sistema alfabético da escrita.
QUANTO AO DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico, é sempre multidisciplinar e deve ser pautado na história de vida da criança e de sua família bem como, nas relações que estabelece na escola.
HÁ TRATAMENTO PARA A DISLEXIA?
Sim. E tem por finalidade dar suporte às atividades escolares objetivando a autonomia. Após o diagnóstico, realizado por uma esquipe multidisciplinar, o atendimento psicopedagógico deve ser iniciado e as sessões serão agendadas de acordo com a necessidade da criança. O psicopedagogo usará diferentes estratégias de aprendizagem para tornar o aprender mais interessante: brinquedos, jogos, alfabeto móvel, dentre outros.
ENTENDA MELHOR:
FINALIZANDO...
A atuação psicopedagógica dará conta de realçar os pontos positivos da criança. A ênfase nunca será naquilo que não sabe. Mas naquilo que ela já é capaz de realizar.
A família, o professor e o psicopedagogo deverão estar em sintonia. E caberá ao professor ajudar a criança a não sofrer discriminação em sala de aula diante das dificuldades.
Neste sentido, o professor deverá buscar um novo caminho, estudar, perguntar, investigar, intervir e dialogar com as partes envolvidas no processo de autonomia da criança.
SUGESTÃO DE LEITURA PARA A SALA:
SUGESTÃO DE FILME PARA O PROFESSOR:
Como estrelas na Terra, toda criança é especial.
CONHEÇA PESSOAS FAMOSAS QUE CONVIVERAM COM A DISLEXIA:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
DORNELES, B. Considerações sobre o trabalho de reeducação baseado na teoria psicogenética de Piaget. 1985 (mimeo)
http://www.richmond.com.br/acontece/disturbio-transtorno-doenca-ou-sindrome-afinal-onde-se-encaixa-a-dislexia/