O mundo recebe com pesar a notícia sobre o atentado de Paris. O Brasil recebe com dor a informação de que o rompimento da barragem da Samarco não foi um acidente.
A população civil brasileira sofre, adere, ajuda, propõe sistema de ajuda às vítimas de Mariana e se solidariza com a Cidade Luz.
Para muitos, a dor por Mariana proibia palavras de repúdio aos atentados de Paris.
Estamos tentando entender este mundo. São dois fatos distintos que merecem a reflexão sobre a natureza de cada um deles. Um acidente foi reflexo da falta de planejamento, não havia intenção para a tragédia mineira... já em Paris, o planejado, cumpriu-se!
Uma dor não isola a outra. Antes do patriotismo, somos seres humanos. E será como tal que nos compactuamos com este momento.
Em relação à Samarco, o Rio Doce que banha MG e o ES, já tem espécies em extinção. Notícias afirmam que levará décadas para que o rastro do que houve com Mariana possa ser desaparecer.
O jovem prefeito da cidade afirma que mais de 80% da população depende da mineração. O mercúrio será, aos poucos, absorvido pelas árvores e estas, uma vez frutíferas, não poderão matar a fome da comunidade que vive em seu entorno.
O governo federal, estipulou uma multa no valor de R$ 250 milhões que não será repassada à Mariana. Isso basta?
Vivemos um momento em que os valores apregoados pela democracia estão esfarelados. As bombas de Paris, atentaram contra os princípios da liberdade ocidental. Atentaram contra as conquistas e instauraram o medo. O primeiro atentado, para quem lembra, foi contra a liberdade de expressão.
Que possamos ver, não o distanciamento entre Paris/Mariana, mas aproximações cujas dores têm pontos comuns.