Ensino com Pesquisa e Ensino e Pesquisa: Divergências e Encontros
Falar sobre
pesquisa educacional no Brasil é ir além dos aspectos metodológicos.
É pensar em como
as pesquisas estão contribuindo para uma mudança de postura do educador frente
ao novo paradigma que se apresenta. Também é refletir
sobre educador interagindo com a sociedade e com os problemas nela imbricados.
Será pensando na
indissociabilidade entre estes dois aspectos que podermos indagar: O que está
mudando na educação frente a esta nova “clientela” que está surgindo em todas as
esferas do ensino?
É premente a
necessidade de desmistificação da visão positivista por tanto tempo reforçada
no contexto de elaboração de uma pesquisa.
Faz-se necessário
portanto, uma aproximação entre sujeito
pesquisado, objeto de pesquisa e pesquisador.
A atual crise
paradigmática realça a importância de uma compreensão histórico- cultural e
social do homem, para que o novo possa expandir-se.
Acreditamos na
necessidade de diálogo vigoroso entre os que pensam e os que fazem educação.
Tomaremos a universidade como foco de nossas análises,
tendo em vista o ensino superior tanto no sentido de superar uma prática
marcadamente tecnicista, tanto reconhecê-lo como um espaço multicultural.
“As universidades caracterizam-se
pela oferta regular de atividades
de ensino, de pesquisa e de
extensão, atendendo ao que dispõem os
arts. 52, 53 3 54 da L.D.B nº
9394 de 1996” .
Decreto de Lei 3860, de 9/7/2000-
Artigo 8º
A análise da referida citação nos reporta ao
que a princípio seria o papel principal das universidades brasileiras.
Será a universidade “locus” por excelência para
que novas idéias fecundem. Hoje as pesquisas universitárias voltam-se para a
preocupação com a formação do novo profissional.
Uma análise acerca
das pesquisas, demonstram que estas não
estão dando dicas reais para a prática.
As pesquisas parecem provar que o educador/pesquisador já tem em mente. Diante disto
poderemos indagar:- O que é o professor
prático-reflexivo?
Analisando alguns
estudos sobre pesquisa educacional, constatamos que nos anos 90 estes se
debruçavam sobre a prática pedagógica, formação institucional, dentre outros
que não colocavam o professor como sujeito dentro do processo de transformação.
Tais estudos centralizavam a formação docente, que passava pelo crivo de sua
formação e outro aspecto a ser ressaltado, passava também pelo âmbito institucional.
As pesquisas
atuais em educação tendem a enfocar “ainda” o que falta ao professor. Pouco se
fala sobre as atividades docentes que estão frutificando. Carece levar em conta
o paradigma para a formação docente.
Nos dias atuais
cabe inferir: O professor é um pesquisador? Há diferença entre ensino e
pesquisa? Muitos educadores
supõem que ao pedirem para que seus educando executem um trabalho
bibliográfico, estão solicitando uma
pesquisa.
Entendemos que
pesquisar é trabalhar com as
contradições para daí buscar um encontro e não uma caçada à
verdade absoluta. Será nas brechas que o educador/pesquisador poderá vislumbrar
a construção da lógica emancipatória.
Neste período onde
impera o neoliberalismo, caímos na armadilha ideológica de substituir o cidadão
pelo consumidor. E assim, muitas pesquisas são encomendadas em defesa de uma
prática docente que distancia sujeito/objeto de pesquisa e pesquisador.
Ainda pesquisa-se
pouco as microesferas que poderiam mostrar novas possibilidades. O
neoliberalismo enfoca o saber individualizado. Nesta perspectiva, as pesquisas
em ciências humanas fica num paradoxo diante do qual o ofício (trabalho
artesanal) entra em colapso com a técnica (profissão).
Por um lado
privilegia-se o fazer/demanda, por outro privilegia-se o pensar – que
prioridades definir agora?
Para isto teremos
que pensar em método: teoria, filosofia, teoria do campo específico a ser
analisado. Poderíamos aqui abrir outro campo de análise esboçando o suporte
teórico filosófico: positivismo; estruturalismo, fenomenologia...
Ou ainda caberia
ressaltar o suporte teórico metodológico da pesquisa qualitativa:
-pesquisa-ação
-pesquisa
participante
pesquisa
etnográfica
-etnometodologia.
Ou destacarmos os
tipos de pesquisa
-Estudo de caso,
descritiva ou histórica.
Mas não caberia
neste estudo tal tipo de viés, pois a nossa crítica recai sobre a
indissociabilidade ensino/pesquisa.