Ser pai e mãe em nossa cultura é cumprir para além dos laços afetivos, representações sociais. Ao gerar uma criança, o casal vê-se diante de expectativas pessoais e de outrem.
Ao conceber uma criança
deficiente, os pais podem sentir que “falharam”, sentem-se culpados, muitas
vezes envergonhados e sozinhos. Com quer compartilhar esta experiência?
Perguntam-se. Muitos pais ficam na expectativa a encontrarem um fio de luz,
que responda aos motivos que os
contemplam em ter um filho deficiente. A não correspondência ao filho sonhado
traz consigo um forte estigma: como lidar com a diferença?
Esta ambivalência de
sentimentos, os faz perder de vista que a vida acontece no dia-a-dia. Que para estes
pais, será necessário uma reestruturação
das tarefas de seu cotidiano.
Ao perceberem a deficiência,
deixam de lado, todo resto. O que pode provocar uma ruptura inclusive no
equilíbrio do casal. Concordamos com Buscaglia ao enfatizar que “ter um filho não faz de ninguém um pai”
(1993, p. 81). Será preciso o envolvimento, o encorajamento e o compromisso com
este novo papel a ser desempenhado.
Em muitos casos, o
comportamento super protetor dos
pais, leva o filho a ser tratado como
uma eterna criança. A ênfase é dada
naquilo que parece faltar e não naquilo que é possível atingir.
Não estamos falando da
negação da deficiência, mas de sua não aceitação. A criança deficiente é muitas
vezes vítima destas representações sociais e, o seu não “enquadramento” ao
ideal do filho sonhado.
O nosso papel enquanto
educadores será a de acolher também a
esta família e não a de reforçar as suas inseguranças. Será nossa tarefa também
estimular a criança e apresentar devolutivas (positivas) para esta família.
Enfim, independente dos
arranjos sociais aos quais a criança
deficiente pertença, a família deve participar ativamente do processo formativo
global deste filho.
Estabelecimento de laços entre os pais e
o bebê – favorece o seu desenvolvimento afetivo e cognitivo – propicia aos pais
o sentimento de serem pais “ suficientemente bons” para aquele bebê.
A relação entre pais é
filhos é construída no cotidiano. Os laços familiares se formam à medida em que há o envolvimento entre as
partes. Diante daquilo que não conhece (os aspectos da deficiência) os pais
julgam-se incapazes de cuidar da criança.
Esta insegurança pode ser
repassada para o bebê e em muitos casos, resulta na falta de atenção ou em seu
oposto: super proteção.
Os pais de filhos sem
deficiência não se preocupam tanto com o
fato de serem ou não bons pais para aquele filho, pois há uma estrada já
percorrida por outros pais e que oferece uma certa segurança para ajudarem sua
criança a ser uma pessoa capaz de enfrentar as adversidades da vida. Aos pais
de crianças deficientes será preciso aprender a lidar com a deficiência e
reelaborar as suas expectativas frente ao novo. Daí vem o receio de falharem.
Muitas vezes será papel dos especialistas que lidam com esta família (médicos,
professores, assistentes sociais, dentre outros) esclarecer pontos relevantes e
propor novas formas para o fortalecimento de vínculos.
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