sexta-feira, 10 de abril de 2015

A METAMORFOSE DA UNIVERSIDADE






A METAMORFOSE DA UNIVERSIDADE


INTRODUÇÃO:

Na conjuntura atual, novas tensões, exigências e desafios estão postos à educação. A crise pela qual o capitalismo passa, sinaliza a necessidade de investigar e refletir sobre o papel da educação em todos os níveis de ensino, sobretudo, na Universidade, “lócus” de formação de educadores por excelência. Diante dos desafios apresentados, avaliar torna-se um ato merecedor de profundas reflexões.
A Universidade é uma instituição que faz parte, cada vez mais, da estrutura de poder social condicionada a um tempo/espaço nem sempre favoráveis para as trocas coletivas. Essa produção, na modernidade, é marcada por estratégias de conservação ou de subversão da ordem social.
Esboçaremos nesse texto, a crença no futuro. A necessidade de superação do modelo hegemônico e a veemente preocupação com a identidade da Universidade brasileira nesse momento de propostas e de mudanças. Diz-se que a necessidade de mudança decorre de um diagnóstico situacional, que aponta o esgotamento do modelo atual e a incapacidade, desse mesmo modelo, atender novos cenários.
O novo modelo sugere maior integração da universidade com o desenvolvimento regional e tecnológico, com o setor produtivo e com os demais níveis e modalidades de educação.
AVALIAÇÃO: PARA ALÉM DO QUE JÁ SABEMOS
Notoriamente, temos discutido a prática de avaliação há mais de uma década. Inúmeros trabalhos abordam a questão e nos fazem acreditar que muitos educadores buscam uma nova forma de avaliar, de romper com os elos do tecnicismo, concebendo a avaliação como processo.
Prioritariamente, ao avaliarmos temos que entender o processo de ensino e de aprendizagem dialeticamente, logo, não pode ser entendido como uma moeda (dois lados apenas: cara e coroa, e/ou certo ou errado). Não faz sentido que a avaliação ainda não perpasse pelo campo da dignidade – a dignidade própria passa pela dignidade alheia. Mas perpasse, sem sombra de dúvidas pelo campo da legitimidade vertical conferida ao mestre. Avaliar democraticamente é ir além, pois dependerá da relação dialogada que o professor mantém com o aluno e com os seus pares. Nesse sentido, precisaremos ressignificar a avaliação, o tempo e o espaço a ela conferidos. Para avaliarmos com dignidade será preciso um sonho pedagógico. Um sonho com o mundo que pretendemos como agentes educacionais tornar no mínimo, possível de ser sonhado.

A DIFÍCIL TAREFA DE MANTER A COERÊNCIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

As críticas ao padrão técnico de avaliação são densamente criticados e contrariamente, muito reproduzidos. As provas padrões tendem a seguir um modelo estanque, a partir dos quais é feita uma média aritmética para a composição da nota final/produto.
Essa visão de avaliação criticada há muito tempo, ainda prevalece em todos os níveis de ensino. Vigora a lógica que enfatiza o conteúdo e despeja sobre o aluno a total responsabilidade pelo seu fracasso. Romper com essa lógica significa romper com a concepção tradicional de avaliação: provas, trabalhos, etc. de forma mensurável.
Perversamente sabemos o que não deveríamos fazer para que a nossa prática avaliativa fosse emancipatória, mas empreender essa proposta é outra história. Aquilo que parece ser natural, simples de ser executado em classes do ensino superior, apresenta-se como um desafio que falará muito mais alto aos nossos educandos do que qualquer discurso sobre concepção de educação e ensino.
Estamos buscando junto aos nossos alunos, um novo jeito de caminhar. Em relação aos objetivos da avaliação explicitamos para que, por que e como serão avaliados, estabelecemos critérios, reorganizamos nosso tempo em função dessas discussões.
A avaliação é inerente ao próprio processo educativo, pois reorganiza a forma de agirmos enquanto grupo. É necessário que educadores e futuros educadores desenvolvam autonomia para avaliar e a sua formação acadêmica lhes ofereça essa oportunidade, mesmo que diante do conflito real e necessário em todo e qualquer processo de mudança.
Primamos por uma avaliação como prática de investigação, que compreenda a qualidade como intensidade da formação humana, acreditando no valor nosso trabalho e na oportunidade de desenvolvimento individual e coletivo.

ACREDITANDO...

Acreditando na aprendizagem como um movimento não linear, compostos por rupturas, processos e retrocessos, a avaliação nesse contexto instigará a relação aprendizagem e ensino expondo possibilidades para ramificações e ampliações do conhecimento. Essa avaliação se expressa como um convite ao desafio, à inovação, às agruras do dia a dia, entrelaçada às diversas e complexas ações que a escola engendra: de cunho político, social, psicológico, dentre outros.

Enfim, o que buscamos é a evolução de um processo que prime pela qualidade das relações, que contemple o campo da ética, da dignidade, da estética e da justiça. Ao estudarmos as interações que ocorrem entre os sujeitos (alunos e professores), percebemos que é preciso buscar métodos formativos de avaliação.

Warlen Fernandes 

BIBLIOGRAFIA:
FOULCAULT. M. (1971). Arqueologia do saber. Graal, RJ.
NOVOA, A. (1991). O passado e o presente dos professores. IN: NOVOA A. Profissão professor. Porto: Porto Editora.
SAUL, A. M. (1991) Avaliação emancipatória. 2.ed. SP:Cortez.

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